Apocalipse 3:12
Há muitos anos atrás, ainda na década de 80, ouvi uma pregação maravilhosa sobre esse chamado do Senhor àquele que vencer. Com muita sabedoria, o pregador mostrou o que está implícito nessa promessa. Sempre me lembro dessa palavra e, com o passar dos anos, fui desenvolvendo um pensamento sobre ela, embora sempre baseado nas palavras daquele irmão que, até hoje, ecoam em meus ouvidos. Gostaria de, neste espaço, não plagiar a mensagem, mas dividir com você que está lendo, qual minha impressão sobre esse assunto.
A promessa à Igreja em Filadélfia “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome”, pode ser melhor compreendida quando voltamos ao Velho Testamento e observamos como o templo foi construído e o que suas colunas representavam. Neste ponto, devemos observar alguns tipos do Senhor e o próprio templo, como um tipo do cristão, que é o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19).
Davi – um
tipo de Cristo vencendo neste mundo
No capítulo 17 de 1 Crônicas, Davi é avisado pelo Senhor, através
do profeta Natã que ele não iria construir o templo, mas seu filho, que viria
depois dele, era quem o faria. No capítulo 18, Davi obtém várias vitórias sobre
seus inimigos. Um desses inimigos foi o rei de Zobá, Hadadezer, fato que tem um
significado especial no contexto do templo. Depois de derrotá-lo, Davi tomou
várias despojos (cavalos, cavaleiros, escudos de ouro e cobre – ou bronze –
muitíssimo cobre) (1 Crônicas 18:4,7,8).
Quero deter-me aqui, no cobre (em algumas traduções, bronze). É
possível tomar o bronze como um símbolo de julgamento, mas, também, como um
tipo da raça humana. Em algumas passagens bíblicas, o bronze significa
obstinação (Isaías 48:4), ou improdutividade (Deuteronômio 28:23 e Levítico
26:19). Além, então de podermos entender o bronze como um julgamento de Deus, as
palavras obstinação e improdutividade soam como sendo características da raça
humana (no versículo de Isaías é claro que os obstinados tratam-se do povo de
Deus). Assim, não seria errado dizer que o bronze é um tipo da humanidade.
Outra característica dele é que, se o bronze não for limpo e polido, ele
degenera, o que também é um tipo da humanidade, que não tem o que oferecer a
não ser uma beleza externa que deverá ser mantida a um custo muito alto.
A Bíblia é enfática ao dizer que Davi tomou muitíssimo cobre,
material que serviu para que Salomão fizesse o mar de cobre, os utensílios de
cobre e as colunas. É interessante notar aqui que Davi, neste contexto, é um
tipo de Cristo quando o Senhor veio a este mundo, venceu os inimigos e tomou o
despojo, que somos nós e que somos esse “muitíssimo” cobre. É esse material que
será usado para fazer as colunas, como ficará mais claro adiante.
O Senhor, nosso Davi Celestial venceu os inimigos e preparou, com
Sua morte e ressurreição, o material que será trabalhado para a confecção das
colunas. Convêm Lembrar que Davi não seria o construtor do Templo. O Senhor,
enquanto está na terra, não pode edificar Sua Igreja. Ele a está comprando com
o Seu sangue. Ainda não é hora da edificação, mas da preparação do material.
Salomão – um tipo do
Cristo ressurreto, que edifica Sua Igreja
Então, entra na história Salomão. O filho de Davi, herdeiro do
trono, é quem foi escolhido para construir o templo. Ele é um tipo de Cristo
ressurreto e vitorioso, Aquele que pode, agora, edificar Sua Igreja. E é assim
que ele faz. Salomão, com sua sabedoria, coloca pessoas para trabalharem na
edificação do templo. Isso é um tipo de Cristo enviando Seu Espírito Santo que
é Aquele que nos leva a toda a verdade (João 16:13). Uma dessas pessoas é
Hirão, de Tiro (1 Reis 7:13). É nos dito que “era ele filho de uma mulher viúva, da
tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro, que trabalhava em cobre; e
era cheio de sabedoria, e de entendimento, e de ciência para fazer toda a obra
de cobre; este veio ao rei Salomão, e fez toda a sua obra. (1 Reis 7:14). É ele quem faz as duas colunas do Templo.
Hirão é um tipo do Espírito Santo trabalhando no cobre, material trazido por
Davi e disponibilizado por Salomão.
Hirão trabalhando o cobre –
um tipo do serviço do Espírito Santo trabalhando nos santos
Aqui temos um homem trabalhando naquele material que não era
valioso como o ouro, mas que seria transformado em algo muito importante e
belo, as colunas do templo. Hirão sabe como fazer. Ele é como seu pai, alguém
que aprendeu a trabalhar com o cobre, e começa a esculpir as colunas. Agora
precisamos imaginar como esse trabalho foi feito.
Hirão, obviamente, deveria fundir o cobre para que a coluna
tomasse forma. Ele pega ali vários utensílios diferentes e usa o fogo para
fundi-los e moldá-los. Isso nos lembra da obra do Espírito Santo em nós. Em 1
Pedro 1,7, o apóstolo Pedro nos diz que nossa fé deve ser provada, e ele
utiliza a expressão “provado pelo fogo” falando sobre o ouro, dando a entender
que passaremos por provações para que nossa fé seja provada e sermos aprovados.
No capítulo 4:12, da mesma carta, há uma advertência para que não nos
assustemos com as provações, pois elas, segundo o apóstolo Pedro, são necessárias
para que sejamos amadurecidos.
Hirão,
muito provavelmente, deve ter usado o fole para controlar o fogo e isso também
nos fala sobre a obra do Espírito Santo. Sempre que Hirão precisasse de mais
fogo, ele injetaria mais ar soprando o fole, ou seja, ele tinha total controle
sobre mais ou menos calor sobre o bronze. E assim é o Espírito Santo. Ele nunca
“injeta mais ar” do que o necessário. Não há provação maior do que a graça de
Deus para passarmos por ela. O Senhor não nos dará algo além do que podemos
resistir com a força que Ele mesmo provê. Como Hirão, ele soprará mais ou menos
calor para que sejamos moldados, transformados à imagem do Filho de Deus.
Além
disso, é interessante voltarmos a pensar sobre o fato de que Hirão uniu vários
utensílios diferentes para fazer uma única peça (cada coluna). Isso fala sobre
sermos um. E sabemos bem que essa é a vontade do Senhor para nós, que sejamos
um, como Ele é um com o Pai (João 17:21-22). Estamos sendo edificados juntos,
um único corpo, para darmos testemunho de Cristo. É isso que o Espírito Santo
está fazendo e Ele o faz, soprando mais ou menos ar em nosso fogo. Pense nisso.
Você, que creu no Senhor Jesus está sendo moldado para ser coluna no templo de
Deus.
Lírios, romãs e cadeias
As
colunas tinham, em sua estrutura, lírios, romãs e cadeias. Cada um desses “enfeites”
tem um belo significado. Os lírios representam beleza. Quando o Senhor terminar
Sua obra em nós, a beleza de Cristo será vista. De certa forma, quando
expressamos Cristo hoje, é possível já ver a beleza dele, mas, um dia,
partilharemos de Sua glória e seremos como Ele (obviamente não em Sua
divindade, mas seu caráter formado em nós). Havia, também as romãs,
representando o fruto do Espírito que deve brotar de todos aqueles que são
trabalhados pelo Espírito Santo. E, por fim, as cadeias, que significam que
estamos presos a Cristo. Somos totalmente dele e ninguém jamais nos arrebatará
da Sua mão (João 10:28). Que segurança e beleza. E nós, que como o bronze, não
éramos produtivos ou úteis, seremos belos (com a beleza dele) e produtivos.
Para que serviam as colunas
Muito
provavelmente, qualquer pessoa que já tenha construído uma casa ou que entenda
de construção dirá que o objetivo da coluna é o de sustentar o prédio. No
entanto, quando se olhava as colunas, na parte de cima, podia-se notar que elas
não haviam sido feitas para sustentar absolutamente nada. Qual seria sua
utilidade, então? Apenas uma, ornamentação, embelezamento. As colunas estavam
ali para ornamentar. Elas eram um lindo testemunho. A exemplo das colunas, nós também
não fomos chamados para sustentarmos o Reino de Deus. Não, absolutamente não.
Somos chamados para testemunharmos dele, não para sustentá-lo. Isso é obra de
Cristo. É Ele quem sustenta todas as coisas pela Palavra do Seu poder (Hebreus
1:3).
Historiadores
dizem que as colunas ofereciam um espetáculo maravilhoso, no qual podemos,
também, ver um tipo de Cristo e Sua beleza sendo vista nos Seus santos. O
templo ficava virado para o nascente. Quando os mercadores vinham a Jerusalém e
chegavam durante a noite, tinham que aguardar que os portões da cidade, que
eram fechados à noite se abrirem, e eles o faziam em um local de onde podiam
ver o templo e, principalmente, as colunas. Quando o Sol ia nascendo, em um
determinado momento, seu brilho refletia nas colunas, dando a todos uma visão
espetacular.
Concluo
dizendo que deve ser assim conosco também, o Sol da Justiça deve refletir em
nós o Seu caráter, Sua santidade, amor, benignidade, justiça, enfim, todos os
Seus atributos. Assim, quando as pessoas olharem para nós, verão a beleza de
Cristo refletindo e serão atraídas por e para Ele.
Esse
é o significado de sermos feitos colunas no templo de Deus. O trabalho está
sendo feito, Ele está edificando a Sua Igreja, que somos nós, os que cremos. Todos
os que creram nele fazem parte desse corpo. Haverá tempo de maior e menor calor
e Ele estará manejando com graça, amor e sabedoria o fole, para que sejamos
moldados, feitos à Sua imagem. Às vezes podermos nos sentir encostados, como se
Ele não estivesse trabalhando em nós, mas não percebemos que tudo faz parte do
Seu trabalho. Precisamos crer que Ele sabe o que está fazendo. Nosso Hirão Celestial
sabe trabalhar bem o bronze que Ele mesmo resgatou das mãos do inimigo com Seu
sangue. No final, traremos Sua imagem, Suas características e brilharemos,
refletindo o brilho inigualável do nosso Sol da Justiça.
Que quadro belíssimo!
Que realidade maravilhosa e que nos enche de expectativa e esperança: “A
quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e
escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova
Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome.”
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