quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A QUEM VENCER, EU O FAREI COLUNA NO TEMPLO DO MEU DEUS


Apocalipse 3:12


Há muitos anos atrás, ainda na década de 80, ouvi uma pregação maravilhosa sobre esse chamado do Senhor àquele que vencer. Com muita sabedoria, o pregador mostrou o que está implícito nessa promessa. Sempre me lembro dessa palavra e, com o passar dos anos, fui desenvolvendo um pensamento sobre ela, embora sempre baseado nas palavras daquele irmão que, até hoje, ecoam em meus ouvidos. Gostaria de, neste espaço, não plagiar a mensagem, mas dividir com você que está lendo, qual minha impressão sobre esse assunto.
A promessa à Igreja em Filadélfia A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome”, pode ser melhor compreendida quando voltamos ao Velho Testamento e observamos como o templo foi construído e o que suas colunas representavam. Neste ponto, devemos observar alguns tipos do Senhor e o próprio templo, como um tipo do cristão, que é o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19).



Davi – um tipo de Cristo vencendo neste mundo

No capítulo 17 de 1 Crônicas, Davi é avisado pelo Senhor, através do profeta Natã que ele não iria construir o templo, mas seu filho, que viria depois dele, era quem o faria. No capítulo 18, Davi obtém várias vitórias sobre seus inimigos. Um desses inimigos foi o rei de Zobá, Hadadezer, fato que tem um significado especial no contexto do templo. Depois de derrotá-lo, Davi tomou várias despojos (cavalos, cavaleiros, escudos de ouro e cobre – ou bronze – muitíssimo cobre) (1 Crônicas 18:4,7,8).
Quero deter-me aqui, no cobre (em algumas traduções, bronze). É possível tomar o bronze como um símbolo de julgamento, mas, também, como um tipo da raça humana. Em algumas passagens bíblicas, o bronze significa obstinação (Isaías 48:4), ou improdutividade (Deuteronômio 28:23 e Levítico 26:19). Além, então de podermos entender o bronze como um julgamento de Deus, as palavras obstinação e improdutividade soam como sendo características da raça humana (no versículo de Isaías é claro que os obstinados tratam-se do povo de Deus). Assim, não seria errado dizer que o bronze é um tipo da humanidade. Outra característica dele é que, se o bronze não for limpo e polido, ele degenera, o que também é um tipo da humanidade, que não tem o que oferecer a não ser uma beleza externa que deverá ser mantida a um custo muito alto.
A Bíblia é enfática ao dizer que Davi tomou muitíssimo cobre, material que serviu para que Salomão fizesse o mar de cobre, os utensílios de cobre e as colunas. É interessante notar aqui que Davi, neste contexto, é um tipo de Cristo quando o Senhor veio a este mundo, venceu os inimigos e tomou o despojo, que somos nós e que somos esse “muitíssimo” cobre. É esse material que será usado para fazer as colunas, como ficará mais claro adiante.
O Senhor, nosso Davi Celestial venceu os inimigos e preparou, com Sua morte e ressurreição, o material que será trabalhado para a confecção das colunas. Convêm Lembrar que Davi não seria o construtor do Templo. O Senhor, enquanto está na terra, não pode edificar Sua Igreja. Ele a está comprando com o Seu sangue. Ainda não é hora da edificação, mas da preparação do material.


Salomão – um tipo do Cristo ressurreto, que edifica Sua Igreja

Então, entra na história Salomão. O filho de Davi, herdeiro do trono, é quem foi escolhido para construir o templo. Ele é um tipo de Cristo ressurreto e vitorioso, Aquele que pode, agora, edificar Sua Igreja. E é assim que ele faz. Salomão, com sua sabedoria, coloca pessoas para trabalharem na edificação do templo. Isso é um tipo de Cristo enviando Seu Espírito Santo que é Aquele que nos leva a toda a verdade (João 16:13). Uma dessas pessoas é Hirão, de Tiro (1 Reis 7:13). É nos dito que era ele filho de uma mulher viúva, da tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro, que trabalhava em cobre; e era cheio de sabedoria, e de entendimento, e de ciência para fazer toda a obra de cobre; este veio ao rei Salomão, e fez toda a sua obra. (1 Reis 7:14). É ele quem faz as duas colunas do Templo. Hirão é um tipo do Espírito Santo trabalhando no cobre, material trazido por Davi e disponibilizado por Salomão.

Hirão trabalhando o cobre – um tipo do serviço do Espírito Santo trabalhando nos santos

Aqui temos um homem trabalhando naquele material que não era valioso como o ouro, mas que seria transformado em algo muito importante e belo, as colunas do templo. Hirão sabe como fazer. Ele é como seu pai, alguém que aprendeu a trabalhar com o cobre, e começa a esculpir as colunas. Agora precisamos imaginar como esse trabalho foi feito.
Hirão, obviamente, deveria fundir o cobre para que a coluna tomasse forma. Ele pega ali vários utensílios diferentes e usa o fogo para fundi-los e moldá-los. Isso nos lembra da obra do Espírito Santo em nós. Em 1 Pedro 1,7, o apóstolo Pedro nos diz que nossa fé deve ser provada, e ele utiliza a expressão “provado pelo fogo” falando sobre o ouro, dando a entender que passaremos por provações para que nossa fé seja provada e sermos aprovados. No capítulo 4:12, da mesma carta, há uma advertência para que não nos assustemos com as provações, pois elas, segundo o apóstolo Pedro, são necessárias para que sejamos amadurecidos.
Hirão, muito provavelmente, deve ter usado o fole para controlar o fogo e isso também nos fala sobre a obra do Espírito Santo. Sempre que Hirão precisasse de mais fogo, ele injetaria mais ar soprando o fole, ou seja, ele tinha total controle sobre mais ou menos calor sobre o bronze. E assim é o Espírito Santo. Ele nunca “injeta mais ar” do que o necessário. Não há provação maior do que a graça de Deus para passarmos por ela. O Senhor não nos dará algo além do que podemos resistir com a força que Ele mesmo provê. Como Hirão, ele soprará mais ou menos calor para que sejamos moldados, transformados à imagem do Filho de Deus.
Além disso, é interessante voltarmos a pensar sobre o fato de que Hirão uniu vários utensílios diferentes para fazer uma única peça (cada coluna). Isso fala sobre sermos um. E sabemos bem que essa é a vontade do Senhor para nós, que sejamos um, como Ele é um com o Pai (João 17:21-22). Estamos sendo edificados juntos, um único corpo, para darmos testemunho de Cristo. É isso que o Espírito Santo está fazendo e Ele o faz, soprando mais ou menos ar em nosso fogo. Pense nisso. Você, que creu no Senhor Jesus está sendo moldado para ser coluna no templo de Deus.

Lírios, romãs e cadeias

As colunas tinham, em sua estrutura, lírios, romãs e cadeias. Cada um desses “enfeites” tem um belo significado. Os lírios representam beleza. Quando o Senhor terminar Sua obra em nós, a beleza de Cristo será vista. De certa forma, quando expressamos Cristo hoje, é possível já ver a beleza dele, mas, um dia, partilharemos de Sua glória e seremos como Ele (obviamente não em Sua divindade, mas seu caráter formado em nós). Havia, também as romãs, representando o fruto do Espírito que deve brotar de todos aqueles que são trabalhados pelo Espírito Santo. E, por fim, as cadeias, que significam que estamos presos a Cristo. Somos totalmente dele e ninguém jamais nos arrebatará da Sua mão (João 10:28). Que segurança e beleza. E nós, que como o bronze, não éramos produtivos ou úteis, seremos belos (com a beleza dele) e produtivos.

Para que serviam as colunas

Muito provavelmente, qualquer pessoa que já tenha construído uma casa ou que entenda de construção dirá que o objetivo da coluna é o de sustentar o prédio. No entanto, quando se olhava as colunas, na parte de cima, podia-se notar que elas não haviam sido feitas para sustentar absolutamente nada. Qual seria sua utilidade, então? Apenas uma, ornamentação, embelezamento. As colunas estavam ali para ornamentar. Elas eram um lindo testemunho. A exemplo das colunas, nós também não fomos chamados para sustentarmos o Reino de Deus. Não, absolutamente não. Somos chamados para testemunharmos dele, não para sustentá-lo. Isso é obra de Cristo. É Ele quem sustenta todas as coisas pela Palavra do Seu poder (Hebreus 1:3).
Historiadores dizem que as colunas ofereciam um espetáculo maravilhoso, no qual podemos, também, ver um tipo de Cristo e Sua beleza sendo vista nos Seus santos. O templo ficava virado para o nascente. Quando os mercadores vinham a Jerusalém e chegavam durante a noite, tinham que aguardar que os portões da cidade, que eram fechados à noite se abrirem, e eles o faziam em um local de onde podiam ver o templo e, principalmente, as colunas. Quando o Sol ia nascendo, em um determinado momento, seu brilho refletia nas colunas, dando a todos uma visão espetacular.
Concluo dizendo que deve ser assim conosco também, o Sol da Justiça deve refletir em nós o Seu caráter, Sua santidade, amor, benignidade, justiça, enfim, todos os Seus atributos. Assim, quando as pessoas olharem para nós, verão a beleza de Cristo refletindo e serão atraídas por e para Ele.
Esse é o significado de sermos feitos colunas no templo de Deus. O trabalho está sendo feito, Ele está edificando a Sua Igreja, que somos nós, os que cremos. Todos os que creram nele fazem parte desse corpo. Haverá tempo de maior e menor calor e Ele estará manejando com graça, amor e sabedoria o fole, para que sejamos moldados, feitos à Sua imagem. Às vezes podermos nos sentir encostados, como se Ele não estivesse trabalhando em nós, mas não percebemos que tudo faz parte do Seu trabalho. Precisamos crer que Ele sabe o que está fazendo. Nosso Hirão Celestial sabe trabalhar bem o bronze que Ele mesmo resgatou das mãos do inimigo com Seu sangue. No final, traremos Sua imagem, Suas características e brilharemos, refletindo o brilho inigualável do nosso Sol da Justiça.
Que quadro belíssimo! Que realidade maravilhosa e que nos enche de expectativa e esperança: A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome.” 

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