terça-feira, 21 de outubro de 2008

O SERMÃO DO MONTE – INTRODUÇÃO

Introdução ao Sermão do Monte

“Fazei tudo conforme te foi mostrado no monte”. (Ex 25:40 / At 7:44)
“Vendo Jesus as multidões, subiu a um monte e assentou-se. Aproximaram-se dele os seus discípulos, e ele começou a ensiná-los (...)”
Quão bela, coeza e coerente é a Palavra de Deus. No início do Sermão do Monte, vemos o Modelo no monte. Cristo, aquele que nos mostra o Pai, o próprio Deus encarnado, o Modelo que deve ser seguido pelos homens. E exatamente como está escrito em Êxodo quando o Senhor estava dando o modelo do Tabernáculo a Moisés, aqui encontramos Deus nos mostrando o Modelo que devemos seguir para agradá-lO.
Cristo, enquanto nos dava as instruções no Sermão do Monte, mostrava com Sua própria vida que era dEle próprio que Ele estava falando. Nunca houve na Terra uma pessoa tal como Ele. Sua vida não tem erros, Ele não falhou, agradou ao Pai nos mínimos detalhes e tudo o que Ele é está descrito nesta porção das Escrituras. Portanto, ao olharmos o Sermão do Monte, primeiramente temos que ver uma Pessoa, que é o próprio Senhor e depois vermos que é a vontade de Deus que todos os seus filhos sejam exatamente como Cristo. E é a Sua bendita vida que vai nos capacitar a vivermos assim.

1) O contexto dos últimos tempos no Velho Testamento e da vinda do Senhor, no início do Novo.
O livro de Malaquias nos dá um quadro da terrível situação em que vivia o povo de Deus nos últimos momentos do Velho Testamento. Eles haviam chegado ao fundo do poço no que diz respeito à sua relação com Deus. Alguns pontos são colocados para nossa apreciação e ensino:
a) Não viam Deus como um Deus amoroso;
b) Desprezavam o nome do Senhor;
c) Desonravam e não temiam ao Seu nome;
d) Desprezavam a mesa instituída por Ele, apresentando animais cegos, coxos ou enfermos;
e) Os sacerdotes desonravam a Deus;
f) Havia deslealdade para com os irmãos;
g) Consideravam Deus injusto.
Eram tempos de completo fracasso. Era tamanha a afronta que, depois disso, o Se-nhor permaneceu em silêncio por 400 anos, só voltando a falar na vinda do Seu 
É muito significativo o fato de que, mesmo quando Deus parou de falar, Israel conti-nuou com os rituais como se nada estivesse acontecendo. Não pararam para pensar, não se deram conta de que alguma coisa estava errada, uma vez que Deus não estava falando com eles. É um quadro muito parecido com o que se apresenta à Igreja de Laodicéia. O Senhor do lado de fora e as atividades continuando, dando até mesmo uma falsa aparência de sucesso e glória.

2) O Evangelho de Mateus


Alguns pontos interessantes:
  • Segundo A. W. Pink “O propósito principal de Mateus é apresentar Cristo como Aquele que cumpre as promessas feitas a Israel e as profecias a respeito do Seu Messias.”
  • Neste Evangelho há mais citações do Velho Testamento do que nos outros três juntos.
  • A posição que o Evangelho de Mateus ocupa no cânon sagrado indica seu caráter e escopo. Situando-se imediatamente após o Velho Testamento e no início do Novo é, portanto, o ponto de contato entre eles. É um momento de transição, de ruptura do que é velho e passado e estabelecimento do que é novo.
  • Mateus é o mais “judaico” dos livros do Novo testamento;
  • É o 40º livro, o que indica que Israel está sendo provado, testado pela presença de Jeová no seu meio.

3) Jesus – Rei e Sacerdote
Mt 1:1 – Filho de Davi /Filho de Abraão – O Salvador Completo
Mateus apresenta o Senhor Jesus como filho de Davi, ou seja, da linhagem real. Havendo um Rei faz-se necessário um Reino.
O Senhor é apresentado como Filho de Abraão, que tem a ver com o Sacerdócio, com o Altar.

4) Um reino diferente do que se apresentava naquela época
A Bíblia se encarrega de mostrar alguns acontecimentos que evidenciavam que esse Rei e o seu Reino não pertenciam a este mundo, não tinham as características dos reinos e governos desta terra.

a) Israel não atentou para a vinda do Senhor Jesus como o Messias prometido – Poucos estavam esperando por Ele quando se manifestou.
 b) O Messias que “veio para o que era Seu” não foi recebido e adorado pelos seus, mas por estrangeiros – (2:1) Os magos.
c) O reino das trevas tentou, de todas as formas matá-lo – (2:13-18)

5) Mateus traz o anúncio do Reino de Deus

   a) Por João Batista – (3:1-2)
   b) Pelo próprio Senhor Jesus – (4:12-17)

6) As credenciais do Rei
Mt. 4:23-28 – Antes do Sermão do Monte, que podemos chamar de “A Constituição do Reino de Deus”, o Rei mostra Suas maravilhosas credenciais e no que consiste Seu Reino:
a) Ensinando nas sinagogas;
b) Pregando as boas-novas do Reino;
c) Curando todas as enfermidades e moléstias do povo;
d) Libertando os atormentados, endemoninhados, lunáticos, paralíticos e todos acometidos de várias enfermidades.
e) Curas, libertações e milagres são a manifestação visível do Reino de Deus – a Luz espantando as trevas.

7) Uma visão geral do Sermão do Monte
“Vendo o Senhor as multidões” – (5:1)
7.1 – Todos são chamados para entrarem neste Reino de paz, alegria e amor.
Mas só há uma forma de entrar. Nascendo de novo, ou seja, crendo em Jesus – (Jo 3:3)
7.2 – Povo ≠ população – O povo de Deus é composto por aqueles que entraram através de Cristo.
7.3 – Todos os que entrarem TEM que viver de acordo com o Sermão do Monte – Aqui há mandamentos, não sugestões e é o próprio Rei quem dá os mandamentos.

8) Aspectos físicos observados no Sermão do Monte:



8-a) O lugar: um monte (Ex 19:20 / Dt 5:5 / Hb 12:18-29)



  • A lei foi dada sobre um monte. A este monte, porém, o homem não podia se aproximar, pois se o fizesse, seria morto.
  • O Sermão do Monte é dado, igualmente, sobre um monte. Aqui, porém, os homens são convidados a se aproximar de Deus.
  • No primeiro (Lei) há trovões, relâmpagos e sonido de buzina, amedrontando aqueles que escutavam.
  • No segundo há uma voz mansa, suave, porém cheia de autoridade. A verdade e a graça se encontraram em Jesus Cristo.
  • No primeiro Deus desce ao monte, porém há uma demarcação, a qual o homem não pode passar (o véu estava entre Deus e o homem).
  • No segundo Deus sobe ao monte. Ele vem, busca os homens e sobe com eles (aleluia!!!), e dali os convida a ouvirem Sua doce voz.

8-b) O lugar e a forma da pregação mostram que o Rei está instituindo um novo Reino:
O Reino de Deus é eterno. Ele sempre foi e sempre será da mesma forma. Porém, os judeus não puderam entendê-lo. Eles, aos poucos, foram misturando seus pensamentos e idéias àquilo que era de Deus. O Senhor Jesus vem agora mostrar o que é esse Reino e como ele funciona.


  • A pregação não é feita no templo - Não há templo feito por mãos humanas – os homens são o templo de Deus.
  • A pregação não é feita nas sinagogas – Os caminhos inventados pelos homens não são aceitos diante de Deus.
  • O Senhor está, possivelmente, assentado sobre pedras e não na cadeira de Moisés, indicando ruptura com o que é antigo, pertencente à velha Aliança, para estabelecimento da Nova.
  • O Senhor está sob o sol, no monte que Ele mesmo criou. Tudo pertence a Ele, tudo é dEle e tudo é feito para Seu serviço. Seu Reino abrange todo o universo.
Matheu Henry diz:
“Nosso Senhor está mal acomodado: Ele não tinha lugar conveniente para pregar, da mesma forma que não tinha para apoiar Sua cabeça. Enquanto os escribas e fariseus tinham a cadeira de Moisés para se assentarem, com toda a facilidade possível, toda honra e status e corrompiam a lei, nosso Senhor Jesus, o Grande Mestre da verdade é levado ao deserto e encontra um lugar, não melhor que uma montanha e o que ela pode oferecer.
(...)
Não era, nem mesmo, um dos montes santos, ou um dos montes de Sião, mas um monte comum, através do qual o Senhor dá a entender que, debaixo do Evangelho, não há uma distinção de lugar como havia na lei. Está é, porém, a vontade de Deus, que o homem possa orar e adorar a Deus em qualquer lugar (Jo 4:23), e a qualquer hora.”


9) A Constituição do Reino de Deus
Uma vez que somos povo de Deus, temos uma Constituição que nos orienta e à qual devemos obedecer de coração. Essa Constituição, entretanto, não foi dada aos homens para que eles se esforçassem por obedecê-la, com foi na instituição da Lei com Moisés. Embora essa Constituição seja a própria lei, agora, porém, em toda sua realidade, é o Senhor quem capacita seu povo a obedecê-la. É uma tão grande salvação (Hb. 2:3 / 8:6-13 ; 10:1-18 ; 2Pe 1:3-4).

10) O Sermão do Monte é para ser vivido
Não é dada aos filhos do Reino outra alternativa. O Rei chegou e nos deu os Estatutos, a Constituição do Seu Reino. Não é sentido figura, não deve ser vivido apenas no futuro, não é para um grupo especial de pessoas, mas é para todos os que entram neste Reino através de Jesus Cristo e se tornam Seus súditos. São mandamentos e não sugestões do Rei.

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